Parâmetros de Qualidade de Méis de Abelha Nativas Brasileiras

Conteúdo do artigo principal

Thais Bonagura
Thamires Bonagura
Geovani Moreira da Cruz
Ricardo Costa Rodrigues de Camargo
Carlos Rocha Oliveira
Maria Cristina Marcucci

Resumo

RESUMO


As abelhas sem ferrão (meliponídeos) desempenham um papel importante nos ecossistemas dos trópicos e subtrópicos globais como polinizadores de um número excepcionalmente grande e diversificado de plantas. São conhecidas no Brasil como abelhas nativas ou indígenas e também como abelhas sem ferrão. Várias espécies de abelhas nativas estão ameaçadas por impactos no ambiente, como a conversão de habitats e as alterações climáticas. Estão ganhando cada vez mais atenção como polinizadores, por seus resultados benéficos em algumas culturas de frutas e café. O mel produzido por meliponíneos é considerado um alimento completo e nutritivo, mas existem escassos estudos científicos apontando para a caracterização de seus principais compostos químicos associados às propriedades biológicas. Várias substâncias tais como açúcares, aminoácidos, ácidos orgânicos, elementos minerais, vitaminas e flavonoides, compostos fenólicos, enzimas, substâncias aromáticas e pigmentos foram identificadas no mel de abelhas nativas.  Possui propriedades que trazem benefícios à saúde humana. Os parâmetros físico-químicos são métodos que definem e comparam a constituição e as substâncias químicas dos méis com o propósito de definir uma qualidade padrão ao produto. Ainda não há um padrão de qualidade de méis de abelhas nativas estabelecida pelo Ministério da Agricultura, o que gera uma dúvida sobre a qualidade dos méis comercializados. O presente trabalho mostra a ocorrência de várias abelhas nativas no Brasil e menciona várias leis estaduais a respeito da criação e manejo de abelhas nativas e a produção de mel. Entretanto, não existe, em nível nacional, uma legislação sobre o controle de qualidade de tal produto, somente uma proposta de criação de parâmetros de controle de qualidade de méis de abelhas nativas, descrita na literatura, a qual é mencionada no presente trabalho.   


 

Detalhes do artigo

Como Citar
1.
Bonagura T, Bonagura T, Moreira da Cruz G, Costa Rodrigues de Camargo R, Rocha Oliveira C, Marcucci MC. Parâmetros de Qualidade de Méis de Abelha Nativas Brasileiras . Braz. J. Nat. Sci [Internet]. 1º de março de 2024 [citado 30º de outubro de 2024];6(1):E1962024 - 1. Disponível em: https://bjns.com.br/index.php/BJNS/article/view/196
Seção
Artigo em fluxo contínuo
Biografia do Autor

Thais Bonagura, Prefeitura de São Bernardo do Campo - Praça Samuel Sabatini, 50, São Bernardo do Campo, São Paulo, Brasil.

Prefeitura de São Bernardo do Campo - Praça Samuel Sabatini, 50, São Bernardo do Campo, São Paulo, Brasil.

Thamires Bonagura, Hospital Municipal Professor Doutor Alípio Corrêa Netto – Ermelino Matarazzo, São Paulo, Brasil.

Hospital Municipal Professor Doutor Alípio Corrêa Netto – Ermelino Matarazzo, São Paulo, Brasil.

Geovani Moreira da Cruz, Discente do Departamento de Biociências e Diagnóstico Bucal, ICT-Unesp, São José dos Campos, São Paulo, Brasil.

Discente do Departamento de Biociências e Diagnóstico Bucal, ICT-Unesp, São José dos Campos, São Paulo, Brasil.

Ricardo Costa Rodrigues de Camargo, Pesquisador - Agroecologia-Apicultura-Meliponicultura, EMBRAPA Meio-Ambiente, São Paulo, Brasil. cristina.marcucci@unesp.br

Pesquisador - Agroecologia-Apicultura-Meliponicultura, EMBRAPA Meio-Ambiente, São Paulo, Brasil. cristina.marcucci@unesp.br

Carlos Rocha Oliveira, Docente do Grupo de Fitocomplexos e Sinalização Celular, Escola de Ciências da Saúde, Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, Brasil.

Grupo de Fitocomplexos e Sinalização Celular, Escola de Ciências da Saúde, Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, Brasil.

Maria Cristina Marcucci, Universidade Anhanguera de São Paulo

Docente colaboradora do Departamento de Biociências e Diagnóstico Bucal, ICT-Unesp, São José dos Campos, São Paulo, Brasil.

Referências

REFERÊNCIAS

Dos Santos, G.M., Antonini, Y. (2008). The traditional knowledge on stingless bees (Apidae: Meliponina) used by the Enawene-Nawe tribe in western Brazil. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, 4(19), 1-9. https://doi.org/10.1186/1746-4269-4-19

Ballivián, J.M. (org.). Abelhas nativas sem ferrão. Editora Oikos Ltda., Terra Indígena Guarita, RS, 128pp., 2008.

Dos Santos, C.F., Acosta, A.L., Halinski, R., Souza-Santos, P.D., Borges, R.C., Gianinn, T.C. (2022). The widespread trade in stingless beehives may introduce them into novel places and could threaten species. Journal of Applied Ecology, 59, 965-981. https://doi.org/10.1111/1365-2664.14108

De Lima, N.E., Carvalho, A.A., Lima-Ribeiro, M.S., Manfrin, M.H. (2018). Caracterização e história biogeográfica dos ecossistemas secos neotropicais. Rodriguésia 69(4): 2209-2222. https://doi.org/10.1590/2175-7860201869445

Bueno, F.G.B., Kendall, L., Alves, D.A., Tamara, M.L., Heard, T., Latty, T., Gloag, R. (2023). Stingless bee floral visitation in the global tropics and subtropics. Global Ecology and Conservation, 43, e02454. https://doi.org/10.1016/j.gecco.2023.e02454

Lima, V.P., Marchioro, C.A. (2021). Brazilian stingless bees are threatened by habitat conversion and climate change. Regional Environmental Change, 21, 14-26. https://doi.org/10.1007/s10113-021-01751-9

Villas-Bôas, Jerônimo. Manual Tecnológico: Mel de Abelhas sem Ferrão. Brasília – DF. Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN). Brasil, 2012. 96 p.; il. - (Série Manual Tecnológico) ISBN: 978-85-63288-08-0

Parreño, M.A., Alaux, C., Brunet, J.-L., Buydens, L., Filipiak, M., Henry, M., Keller, A., Klein, A.-M., Kuhlmann, M., Leroy, C., Meeus, I., Palmer-Young, E., Piot, N., Requier, F., Ruedenauer, F., Smagghe, G., Stevenson, P.C., Leonhardt, S.D. (2022). Critical links between biodiversity and health in wild bee conservation. Trends in Ecology & Evolution, 37(4), 309-321. https://doi.org/10.1016/j.tree.2021.11.013

Graf, L.V., Zenni, R.D., Gonçalves, R.B. (2020). Ecological impact and population status of non-native bees in a Brazilian urban environment. Revista Brasileira de Entomologia, 64(2):e20200006. https://doi.org/10.1590/1806-9665-RBENT-2020-0006

Engel, M.S., Rasmussen, C., Ayala, R., De Oliveira, F.F. (2023). Stingless bee classification and biology (Hymenoptera, Apidae): a review, with an updated key to genera and subgenera. ZooKeys, 1172, 239–312. https://doi: 10.3897/zookeys.1172.104944

Souza, P.O., De Abreu, P.F (2023). Abelhas nativas sem ferrão em ambiente urbano: publicações nos últimos 10 anos. Biológica - Caderno do Curso de Ciências Biológicas, 6 (1), 33-49. https://seer.uniacademia.edu.br/index.php/biologica/article/view/3722/2699

Ferrari, R.R., Ricardo, P.C., Dias, F.C., Araújo, N.Z., Soares, D.O., Zhou, Q-S., Zhu, C-D., Coutinho, L.L., Arias, M.C., Batista, T.M. (2024). The complete genome of Tetragonisca angustula (Apidae: Meliponini), the most commonly reared stingless bee in Brazil. Research Square. No prelo. https://doi.org/10.21203/rs.3.rs-3833242/v1

Na, S.-J., Kim, Y.-K., Park, J.-M. (2024). Nectar characteristics and honey production potential of five rapeseed cultivars and two wildflower species in South Korea. Plants, 13(3), 419-440. https://doi.org/10.3390/plants13030419

Silva, A.C., Brito, M.G.A., Rocha, G.M.M., Silva, M.A., De Oliveira, G.A.L. (2021). Propriedade antimicrobiana e perfil de toxicidade de méis de abelhas sem ferrão do gênero Melipona Illiger, 1806: Uma revisão integrativa. Research, Society and Development, 10 (4), e13510413903, 2021. http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i4.13903

Ávila, S., Beux, M.R., Ribani, R.H., Zambiazi, R.C. (2018). Stingless bee honey: Quality parameters, bioactive compounds, health-promotion properties and modification detection strategies. Trends in Food Science & Technology, 81, 37-50. https://doi.org/10.1016/j.tifs.2018.09.002

Souza, R.C.S., Yuyama, L.K.O., Aguiar, J.P.L., Oliveira, Magalhães, F.O. (2004). Valor nutricional do mel e pólen das abelhas sem ferrão da região Amazônica. Manaus (AM) Acta Amazônica, 34, 333-336. https://doi.org/10.1590/S0044-59672004000200021

Boorn, K. L., Khor, Y. Y., Sweetman, E., Tan, F., Heard, T. A., Hammer, K. A. (2010). Antimicrobial activity of honey from the stingless bee Trigona carbonaria determined by agar diffusion, agar dilution, broth microdilution and time-kill methodology. Journal of Applied Microbiology, 108(5), 1534–1543. https://doi.org/10.1111/j.1365-2672.2009.04552.x

Borsato, D. M., Prudente, A. S., Döll-Boscardin, P. M., Borsato, A. V., Luz, C. F., Maia, B. H., Cabrini, D.A., Otuki, M.F., Miguel, M.D., Farago, P.V., Miguel, O.G. (2014). Topical anti-Inflammatory activity of a monofloral honey of Mimosa scabrella provided by Melipona marginata during winter in Southern Brazil. Journal of Medicinal Food, 17(7), 817–825. https://doi.org/10.1089/jmf.2013.0024

Vit, P., Vargas, O., López, T., Maza, F. (2015). Meliponini biodiversity and medicinal uses of pot-honey from El Oro province in Ecuador. Emirates Journal of Food and Agriculture, 27(6), 502–506. http://dx.doi.org/10.9755/ejfa.2015.04.079

Abd Jalil, M. A., Kasmuri, A. R., Hadi, H. (2017). Stingless bee honey, the natural wound healer: A review. Skin Pharmacology and Physiology, 30(2), 66–75. https://doi.org/10.1159/000458416

Nweze, J. A., Okafor, J. I., Nweze, E. I., & Nweze, J. E. (2016). Pharmacognosy & natural products comparison of antimicrobial potential of honey samples from Apis melífera and two stingless bees from Nsukka, Nigeria. The Open Natural Products Journal, 2(4):1-7. http://dx.doi.org/10.4172/2472-0992.1000124

Osés, S. M., Pascual-Maté, A., de la Fuente, D., de Pablo, A., Fernández-Muiño, M. A., Sancho, M. T. (2016). Comparison of methods to determine antibacterial activity of honey against Staphylococcus aureus. NJAS - Wageningen Journal of Life Sciences, 78, 29–33. https://doi.org/10.1016/j.njas.2015.12.005

Ávila, S., Beux, M.R., Ribania, R.H., Zambiazi, R.C. (2018). Trends in Food Science & Technology, 81 (2018) 37–50. https://doi.org/10.1016/j.tifs.2018.09.002

Resolução CEMAAM Nº 22 DE 03/04/2017. Publicado no DOE - AM em 20 abr 2017. Estabelece normas para a criação, manejo, transporte e comercialização de abelhas sem ferrão (meliponídeos) e seus produtos e subprodutos no Estado do Amazonas e dá outras providências. https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=342526

Lei Nº 13.905 de 29 de janeiro de 2018. Dispõe sobre a criação, o comércio, a conservação e o transporte de abelhas nativas sem ferrão (meliponíneos), no Estado da Bahia. https://leisestaduais.com.br/ba/lei-ordinaria-n-13905-2018-bahia-dispoe-sobre-a-criacao-o-comercio-a-conservacao-e-o-transporte-de-abelhas-nativas-sem-ferrao-meliponineos-no-estado-da-bahia

Koser, J.R., Barbiéri, C., Francoy, T.M. (2020). Legislação sobre meliponicultura no Brasil: demanda social e ambiental. Sustainability in Debate - Brasília, 11(1), 179-194. ISSN-e 2179-9067.

Lei Nº 19152 DE 02/10/2017. Publicado no DOE - PR em 3 out 2017. Dispõe sobre a criação, o manejo, o comércio e o transporte de abelhas sociais nativas (meliponíneos). https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=351023#:~:text=Disp%C3%B5e%20sobre%20a%20cria%C3%A7%C3%A3o%2C%20o,Art.

Lei Nº 16.171, de 14 de novembro de 2013. Dispõe sobre a criação, o comércio e o transporte de abelhas-sem-ferrão (meliponíneas) no Estado de Santa Catarina. http://leis.alesc.sc.gov.br/html/2013/16171_2013_lei.html

Lei Nº 14763 dE 23/11/2015. Publicado no DOE - RS em 24 nov 2015. Dispõe sobre a criação, o comércio e o transporte de abelhas sem ferrão - meliponíneas - no Estado do Rio Grande do Sul. https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=310382#:~:text=Disp%C3%B5e%20sobre%20a%20cria%C3%A7%C3%A3o%2C%20o,do%20Rio%20Grande%20do%20Sul.

Lei Nº 11077 DE 27/11/2019. Publicado no DOE - ES em 28 nov 2019. Dispõe sobre procedimentos para normatizar a criação de abelhas nativas sem ferrão no âmbito do Estado do Espírito Santo. https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=386026

Lei Nº 11677 de 04/05/2020. Publicado no DOE - PB em 5 mai 2020. Dispõe sobre a fiscalização, produção e a comercialização do mel de abelha artesanal e seus derivados no âmbito do Estado, além de tratar de normas complementares acerca do selo ARTE. https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=394569

Lei Nº 11101 DE 06/09/2019. Publicado no DOE - MA em 10 set 2019. Dispõe sobre a criação, o manejo, o comércio e o transporte de abelhas sociais nativas (meliponíneos) e dá outras providências. https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=382345

Decreto Nº 30860 DE 25/08/2021. Publicado no DOE - RN em 26 ago 2021. Regulamenta a Lei nº 10.479, de 30 de janeiro de 2019, que dispõe sobre a criação, o comércio, o transporte de abelhas sem ferrão (meliponídeas) no Estado do Rio Grande do Norte, estabelece os requisitos sanitários de produção/processamento e o padrão de identidade e qualidade do mel.

Brasil, Ministério do Meio Ambiente (2020). Resolução nº 496, de 19 de agosto de 2020 – CONAMA. Disciplina o uso e o manejo sustentáveis das abelhas-nativas-sem-ferrão em meliponicultura. Diário Oficial. https://sigam.ambiente.sp.gov.br/sigam3/Repositorio/448/Documentos/res%20CONAMA%20496%202020_Meliponicultura.pdf

Dos Santos, R.B., De Menezes Filho, A.C.P., Castro, C.F.S., Ventura, M.V.A. (2023). Qualidade do mel de Tetragonisca angustula Latreille, 1811 em área nativa da região Sudoeste, Estado de Goiás, Brasil. Brazilian Journal of Science, 2(6), 1-11. https://doi.org/10.14295/bjs.v2i6.295

Vieira, T.R., Noguez, C.S, Dos Santos, M.A. & Wagner, S.A. (2023). Caracterização físico-química e botânica do mel de abelhas sem ferrão (Meliponini), de ocorrência no Vale do Taquari – RS, objetivando edição de RTIQ. Research, Society and Development, 12: e29312340846. http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v12i3.40846

Pires, A.P., Mendonça Neto, J.S.N., Pereira, D.S. (2021). Cadeia produtiva do mel de abelhas nativas: o impasse da legislação do estado do Pará & implicações sobre possível indicações geográficas e marcas coletivas. Seminário Internacional de Indicação Geográfica e Marcas Coletivas do Estado do Pará, pp. 61-66.

De Camargo, R.C.R., De Oliveira, K.L., & Berto, M.I. (2017). Mel de abelhas sem ferrão: proposta de regulamentação. Brazilian Journal of Food Technology, 20, e2016157. http://dx.doi.org/10.1590/1981-6723.15716

International Honey Commission – IHC. Harmonised methods of the International Honey Commission. Switzerland: IHC, 2002. 62 p.

Association of Official Analytical Chemists – AOAC. 969.38: moisture in honey. Washington: AOAC, 2010a.

Food Standards Agency – FSA. (1992a). Water-insoluble solids in honey. Journal of the Association of Public Analysts, 22(28), 189-193.

Louveaux, J.; Maurizio, A.; Vorwohl, G. Methods of melissopalynology (1978). Bee World, 59(4), 139-157. http://dx.doi.org/10.1080/0005772X.1978.11097714.

Food Standards Agency – FSA. (1992b). Acidity in honey. Journal of the Association of Public Analysts, 19(28), 171-175.

Association of Official Analytical Chemists – AOAC. 978.18: water activity of canned vegetables. Washington: AOAC, 2010b.

Association of Official Analytical Chemists – AOAC. 980.23: hydroxymethylfurfural in honey. Washington: AOAC, 2010c.

Downes, F. P., Ito, K. Compendium of methods for the microbiological examination of foods. 4. ed. Washington: APHA, 2001. 676 p.

Food and Drug Administration – FDA. Bacteriological analytical manual (BAM). 8. ed. USA: FDA, 1995.